Vamos aos fatos para tentar entender.
O cenário brasileiro não está nada favorável. Em nenhum setor. A instabilidade política e toda a lama que brota de cada informação que nos é divulgada dá uma sensação ruim em todos os que honestamente lutamos por valores a serem perpetuados como a verdade clara e sem rodeios, a solidariedade e o respeito pelo outro, a correção de caráter e a palavra que honra e dignifica.
Paralelamente, a saúde do brasileiro vai de mal a pior. Somos testemunhas da trágica situação dos bebês microcéfalos e de suas famílias que buscam recursos em uma saúde falida e que quase nada oferece para estimular o cuidado de seus filhos. A dengue segue matando cotidianamente pessoas picadas pelo Aedes que continua e continuará voando impune por todo o território nacional.
Não bastasse tudo isso, outro personagem chegou mais cedo para compor este nefasto palco: o vírus influenza, causador da gripe, mais especificamente o A (H1N1), que aqui aportou e já tirou a vida de quase uma centena de pessoas. Só que, para este personagem, existe uma arma eficaz: a vacina.
Resultado: diante de todo este cenário de desgraças, nós brasileiros, já preocupados, angustiados e inseguros, não tivemos nenhuma dúvida: vamos encarar a fila que for necessária para garantir esta vacina. Mesmo que seja em uma concessionária de veículos. Não importa o local. Importa apenas garantir a proteção contra o único “inimigo” para o qual há proteção disponível.
A energia do país está ruim. Muito ruim. Não há espaço ainda para que todos se lembrem e se alegrem com o fato de que em 3 meses estaremos abrigando o evento esportivo mais importante do planeta. Receberemos os atletas mais qualificados, os melhores de todos, os que romperão recordes e os que nos encherão os olhos com sua beleza, preparo e capacidade. Nada disso nos conforta. Estamos preocupados e inseguros nas filas, inclusive em concessionárias de veículos, para lutar por uma vacina da gripe. O que era para ser um “agrado” aos compradores dos carros virou uma necessidade pública. Parabéns à concessionária que entendeu rapidamente isso e mudou, em um segundo, sua estratégia para beneficiar todos e não somente quem pretende comprar carros de luxo.
Há um certo exagero em tudo isso?
Não tenho dúvidas de que sim, há exagero. Claro está que isto não quer dizer que ninguém se preocupe com a gripe. NÃO! Sem radicalismos para quaisquer um dos dois lados. A informação aliada ao bom senso devem predominar sempre. E o que a informação e o bom senso nos dizem? Simples assim:
– Quem está no grupo de risco, isto é, crianças de 6 meses a 5 anos de idade, gestantes, puérperas, idosos, pessoas portadoras de patologias crônicas e todos os cuidadores destes grupos devem, sim, receber a vacina o mais rapidamente possível. Idem para os profissionais de saúde e a população indígena. Estas pessoas devem ficar nas filas das clínicas particulares ou do sistema público, que, em São Paulo, antecipou a campanha de vacina e a partir da segunda feira, dia 11/04, passa a vacinar gratuitamente as crianças de 6 meses a 5 anos, gestantes e idosos. A partir do dia 18/04 também receberão gratuitamente as puérperas de até 45 dias, os portadores de doenças crônicas e a população indígena. Isso significa que a partir do dia 18 todo o grupo de risco já pode e deve receber a vacina nos postos públicos do estado.
– Quem NÃO está no grupo de risco pode esperar um pouco. Supõe-se que, a partir do dia 18/04 as filas já terão diminuído. Depois desta data, portanto, tomem a vacina com calma. Só que estas pessoas só as podem receber nas clínicas privadas. Até lá, tomem as precauções universais que valem para todos. Quais são estas precauções?
– As precauções universais devem ser tomadas SEMPRE. Mesmo quem Já recebeu a vacina deve segui-las. Isso inclui: lavar as mãos com frequência e passar álcool gel, tossir com a boca no antebraço e não nas mãos, ventilar os ambientes, comer saudável, dormir bem e praticar esportes.
Saúde sempre: com cuidado e sem exageros!
FONTE: http://g1.globo.com/bemestar/blog/doutora-ana-responde/